A GRANDE MÃE
A
Grande Mãe representa a totalidade da criação e a unidade da vida, pois ela
existe e reside em todos os seres e em todo o Universo. Seus múltiplos aspectos
e manifestações recriam o eterno ciclo de nascimento, crescimento,
florescimento, decadência, morte e renascimento, na perpétua dança espiral das
energias da vida.
A
Deusa Mãe foi a suprema divindade do planeta durante trinta milênios,
reverenciada pelo seu poder de gerar, criar, nutrir e sustentar todos os seres.
Os seus atributos de fertilidade, abundância e nutrição são vistos nas
estatuetas com características zoomórficas ou antropomórficas, como deusas
pássaros ou senhora dos animais ou simplesmente mulheres grávidas, dando à luz
ou amamentando.
Reverenciada
e conhecida sob inúmeras manifestações e nomes, de acordo com a cultura e a
época, a Deusa era a própria Mãe Terra, a energia da vida do planeta. Por ser
imanente e permanente em toda a natureza, a Grande Mãe era venerada nas fontes,
nos rios, lagos e mares, nas grutas, florestas e montanhas, nos fenômenos da
natureza, na riqueza e beleza da Terra. Os templos que lhe foram dedicados
reproduziam formas femininas ou concentravam e direcionavam as energias
cósmicas e telúricas por meio dos círculos de pedras ou nas câmaras
subterrâneas.
Tentativa
de destruir o culto à Deusa
O
período pacífico das civilizações neolíticas centradas nos cultos da deusa
entrou em declínio cinco mil anos atrás com advento da idade de bronze e de
ferro.
A
derrota definitiva do culto da deusa ocorreu com a instauração do monoteísmo
judaico-cristão, que proclamou um só criador-Pai, e considerou a mulher a
origem do pecado e de todos os males. O cristianismo suprimiu todos os símbolos
do poder divino da Deusa considerando-os maléficos ou pecaminosos. Mesmo assim
a iconografia e os atributos da Deusa foram absorvidos e adaptados no culto de
Maria. Suas inúmeras igrejas foram erguidas nos locais sagrados das deusas
greco-romanas, egípcias e celtas, seus atributos e estátuas sendo adaptações
cristianizadas dos antigos nomes e imagens de Cibele, Innana, Deméter e Isis.
Depois
da extinção definitiva dos cultos da Deusa nos países cristianizados,
fragmentos das
antigas
tradições, celebrações, conhecimentos e rituais, sobreviveram disfarçados nas
crenças populares, nas tradições nativas e nos contos de fadas.
A
volta do culto à Deusa
Atualmente
observa-se no mundo todo o ressurgimento dos valores e da busca do Sagrado
Feminino,
simbolizando a necessidade de uma cura profunda da psique individual e
coletiva, levando a uma expansão da consciência para assegurar a renovação planetária
no próximo milênio. A volta da Deusa não significa o retorno às antigas
religiões; o que ela prenuncia é uma nova forma de validação dos valores
femininos, uma nova cosmologia centrada na Terra, uma nova ética enraizada na
conscientização e reconhecimento das tradições e mitos do passado, mas para nos
reconectar com a energia amorosa e compassiva da Grande Mãe precisamos passar
por mudanças profundas na nossa maneira de pensar e agir, abrindo mão do jogo
de poder, competição, retaliação, vitimização e opressão (características do
patriarcado) e desenvolver a tolerância, a solidariedade, a compreensão e apoio
mútuo, ultrapassando as diferenças e as cisões dualistas, em busca da
pacificação interna e externa, em um empenho global para honrar e preservar
Gaia, a nossa Grande Mãe.
O
anuário
FONTE:
O anuário da Grande Mãe
Livro
de Mirella Faur
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