UMA COMPREENSÃO ESOTÉRICA DA SEXUALIDADE
POR
JOSHUA DAVID STONE
Um dos assuntos mais embaraçosos para aspirantes e discípulos do caminho espiritual é o da sexualidade. Na minha opinião, há bem poucos livros que realmente explicam essa questão de maneira adequada. Este é um assunto complexo por diversas razões.
Em primeiro
lugar, o ego e alma têm visões completamente diferentes de como a sexualidade
deve ser usada. Segundo, a sexualidade é afetada por algumas das seguintes
variáveis:
1. Sua
idade cronológica;
2. A
idade da sua alma;
3. Se
você é solteiro ou casado;
4. Se
mantém algum relacionamento;
5. Seu
nível de iniciação nesta vida;
6. Suas
metas e objetivos nesta vida;
7. Seu
karma de vidas passadas e propósito
da sua
encarnação nesta;
8. Seu
grau de saúde física ou falta dela;
9. Seu
comprometimento com a ascensão
nesta
vida.
Para
começar a discussão da sexualidade, vamos primeiro examinar a diferença entre
as visões do ego e do espírito em relação à sexualidade.
O ego
usa a sexualidade a serviço do eu inferior; o espírito a utiliza somente a
serviço do Eu superior e da alma.
O ego
só está interessado em se satisfazer egoisticamente; o espírito está
interessado em amar e dar prazer ao outro, assim como a si mesmo. O ego trata o
outro como um objeto, buscando usar esse corpo físico para alcançar a
auto-satisfação; o espírito vê a outra pessoa como o Eu Eterno dentro do templo
de um corpo.
O ego
tem somente a visão física; o espírito tem também a visão espiritual. O ego é
controlado por desejos, sentidos, pensamentos, emoções, sensações físicas e
energia sexual; o espírito é senhor desses aspectos do eu e os utiliza a
serviço de Deus.
O ego,
que busca a luxúria, extravasa toda a sexualidade pelo segundo chakra; o
espírito reconhece a energia sexual apenas como uma oitava da energia dentro do
sistema de sete chakras, e procura elevar essa energia a todo o sistema, a fim
de usá-la em campos como a criatividade, a saúde física, o amor, o serviço, a
meditação mais aprofundada, a iluminação e a teo-realização.
O ego é
obcecado pela sexualidade e olha toda pessoa através dessa lente de referência;
o espírito vê todas as pessoas primeiramente como Deus encarnado.
O ego
usa a energia da kundalini para obter prazer sexual; o espírito busca elevar a
energia da kundalini, da qual faz parte a energia sexual, até o chakra do alto
da cabeça.
O ego
procura chegar ao orgasmo somente no plano do segundo chakra; o espírito, ao
praticar a sexualidade tântrica, busca o orgasmo em todos os sete níveis.
O ego
considera a sexualidade como a coisa mais importante da vida, e fica
mal-humorado, zangado, aborrecido e irritadiço se não consegue o que quer; o
espírito, tendo preferências mas não apegos, permanece em total alegria, paz e
equilíbrio, aconteça o que acontecer. O ego não pode conceber a felicidade sem
a sexualidade; a felicidade do espírito é um estado mental, e nada tem a ver
com sexualidade. De fato, o espírito pondera seriamente o celibato como uma
opção viável, enquanto o ego constantemente inicia relacionamentos
espiritualmente equivocados em função do impulso sexual. O espírito, sendo
solidamente centrado no autodomínio, dispõe-se tranqüilamente a aceitar o
celibato durante toda uma vida, caso o parceiro espiritual correto não se
manifeste.
O ego
dissipa enormes quantidades de energia sexual por meio da masturbação; o
espírito, embora nada veja de errado na masturbação, busca sublimar parte dessa
energia em ojas shakti ou iluminação cerebral. O ego usa a sexualidade com o
objetivo de alcançar o orgasmo; o espírito usa a sexualidade para alcançar a
intimidade e partilhar o amor espiritual, e pode até preferir não chegar ao
orgasmo. O espírito considera o prelúdio amoroso mais importante que o orgasmo.
O ego
se interessa por pornografia e vive no estado de consciência que a cria; o
espírito não usa a sexualidade dessa forma; utiliza-a para a glória de Deus.
O ego
faz amor somente com o corpo físico; o espírito faz amor com o espírito que
vive dentro do corpo físico.
O ego
coloca em primeiro lugar o seu próprio prazer; o espírito coloca em primeiro
lugar o prazer da outra pessoa. O ego se interessa por sentir orgasmo o mais
rápido possível; o espírito se interessa por partilhar o amor por tanto tempo
quanto for possível.
O ego
usa fantasia de outras pessoas durante a masturbação ou envolvimento sexual com
um parceiro; o espírito é extremamente contido no uso da fantasia, reconhecendo
que todas as mentes estão unidas, e que aquilo que um fantasia afeta o outro.
O ego
negativo que controla a personalidade encarnada leva a pessoa a ter romances
por falta de controle do aspecto sexual; o espírito, compreendendo a lei do
karma, jamais faz nada que magoe a outra pessoa, que seja desonesto ou que gere
karma negativo.
Eu
poderia continuar ainda por muito tempo, mas acho que já é o suficiente para
passar claramente uma idéia básica. Resumindo, os atos sexuais são pecaminosos
ou errados quando egoístas e não partilhados no amor; são bons quando provocam
a partilha do amor entre duas almas.
É
preciso entender que a energia sexual é só uma das sete oitavas energéticas que
existe dentro do corpo humano. Não há nada de errado no prazer do ponto de
vista espiritual. Porém, será que é o prazer a única forma como você deseja
usar a sua energia? Não há julgamentos dos reinos espirituais se é essa a
escolha que você faz em qualquer momento, mas é importante considerar as
tremendas realizações, criatividade e crescimento espiritual que poderiam ser
alcançados se a energia fosse sublimada.
Outro
ponto importante a considerar é que, segundo a canalização da Mente Universal
por Paul Solomon, por quem tenho enorme respeito, "o ato físico em si
evitaria a realização do ato superior da alma". Em outra palavras, uma vez
manifestado o eu inferior ou natureza animal, isso impede que você seja um
canal para o Eu Superior ou alma.
Nas
canalizações de Paul, a Fonte também afirma que a partilha de fluidos entre
duas pessoas cria um elo espiritual ou amarras energéticas que não podem ser
rompidas durante toda a vida. As amarras podem ser rompidas num sentido
psicológico, com o final da
relação,
mas não num sentido espiritual. Essas amarras são como fios elétricos, e a
energia passa por elas nos dois sentidos. É por isso que, em muitos
ensinamentos espirituais, a doação sexual do eu tem como meta complementá-lo
naquela vida.
Quando
você entender os elos kármicos que cria com as pessoas toda vez que faz sexo,
acho que será um pouco mais seletivo quanto aos parceiros sexuais. Se você é
uma vítima psicológica, e não senhor de sua mente, das suas emoções, você pode
ser prejudicado pelas energias que fluem através dessas amarras. O mau humor, a
depressão e a raiva podem não ser seus, mas pertencer à pessoa com quem você
dormiu, pessoa cujas energias continuam a fluir para você através das amarras.
Como a energia flui nos dois sentidos, o estilo de vida do companheiro ou
parceiro continua se infundindo em você e fluindo de você; é inteligente,
portanto, escolher com cuidado.
Todas
as pessoas têm essas amarras, e o ideal seria ter o domínio das energias, para
não mais ser vítima das forças que fluem por elas. No sentido mais sublime, o
ideal é que você queira ser um gerador de Luz e amor tal que sua energia divina
flua de volta pelas amarras para enlevar aquelas pessoas com quem você se
envolveu. Mas isso não é coisa que precise ser feita conscientemente; o estilo
de vida normal trilhado por uma pessoa que assume a condição de Luz do mundo
cuidará automaticamente disso.
É
também importante compreender que o estado de consciência cultivado durante o
ato sexual é aquilo que você implanta no parceiro. Em outras palavras, o homem
não só planta a semente física, mas também a energia concupiscente do eu
inferior ou o amor do Eu superior.
Isso
também vale para outras formas de atividade sexual, e não somente o ato em si.
Lembre que seu parceiro é Deus, como você também o é. A pergunta a fazer a si
mesmo é se você está dando ao parceiro aquilo que gostaria de dar a Deus; pois,
na verdade, é exatamente isso que você está fazendo...
(trecho
extraído das págs. 157 a 160)
Nenhum comentário:
Postar um comentário