APRENDAM
A REALIZAR A UNIDADE DE TODA A VIDA
A
unidade da vida é o grande alvo da evolução terrestre. É ainda um longo caminho
até ela, mas já existem alguns sinais visíveis. Continuem, pois, seus serviços
amoráveis, amados amigos, que têm como objetivo chegar a uma situação em que a
vida é respeitada e reconhecida, onde uns aprendem com os outros e o Amor
dirige todos os atos. Procurem reproduzir a unidade no pequeno círculo, apesar
de sabermos que na menor célula, a família, já é difícil conseguir a unidade de
todos os membros. Porém, tentem, reiteradamente, também no círculo dos Alunos
da Luz, conseguir unidade. Não se trata somente de união, mas muito mais de
respeito pelo outro e Amor entre todos. De todas essas belas qualidades então
deverá desenvolver-se a unidade.
Não foi
em vão que falamos desses grandes alvos. Trata-se do empenho do Mundo
Espiritual em estabelecer realmente a unidade das diferentes formas de vida.
Cada uma tem sua tarefa inteiramente específica, porém, na convivência de todos
esses seres diferentes deveria reinar uma certa unidade. Começa com o propósito
de que nenhum ser vivo pode causar algum mal a outro, que cada um reconheça o
outro, respeite seu trabalho e agradeça à vida pela própria evolução e pelos
patamares já alcançados.
O
alunos, o mundo ainda está afastado dessa situação ideal!
Procurem
a unidade primeiro no silêncio. Comunicá-la em altos brados seria prematuro.
Mas, em seus Serviços à Luz, vocês já ressaltam a unidade, portanto, ela
crescerá aos poucos, até que as pessoas reconheçam que esse é também seu
próprio alvo e que nunca mais causarão prejuízo a outrem.
Esse é
elevado objetivo, e para ele se desenvolve toda vida em longos períodos, porém
deveria estar brilhante diante de seus olhos. Comecem, cada qual em seu próprio
ambiente, a estabelecer a unidade com toda vida, também a invisível, ela
crescerá e algum dia se realizará. Desejamos a cada aluno o alcance desse alvo
e de nossa parte oferecemos ajuda.
Boletins
Ponte Para Luz
Luiz
Cláudio Dias (Membro da Sociedade Teosófica pelo GET Florianópois de
Florianópolis-SC)
Um dos
conceitos esotéricos mais importantes para uma correta compreensão da realidade
é o princípio da Unidade da Vida. É nele que estão alicerçados os ensinamentos
mais profundos presentes nas autênticas tradições espirituais de todos os
tempos e lugares, como também, na atual visão de mundo que emergiu da ciência a
partir do início do século XX.
Percebemos
a sua presença no Budismo, Taoísmo e Hinduísmo, nas correntes esotéricas do
Cristianismo, Judaísmo e Islamismo, nas Escolas de Mistérios, nos ensinamentos
teosóficos, nos movimentos da Nova Era, como o Holismo e a Ecologia Profunda,
na Psicologia Transpessoal, na relatividade de Einstein e na revolucionária
Teoria Quântica.
A idéia
de Unidade é importante tanto para entendermos a sistemática da vida e seus
mecanismos subjacentes, quanto para buscarmos um significado mais profundo para
a nossa própria existência. A partir dela podemos encontrar respostas satisfatórias
para aquelas perguntas essenciais que tanto atormentam as nossas mentes tão
ávidas pela Verdade. Qual é o sentido da vida? Qual a nossa origem e destino?
Existe um Deus que a tudo sustenta e cria? E talvez a pergunta mais
perturbadora de todas, porque existe algo ao invés do nada?
Nós
sabemos que o sentido último da vida é a evolução. Evolução de tudo o que
existe, e a espécie humana não foge a esta regra máxima. Tudo está entrelaçado
na vida, pois tudo advém de uma Fonte comum. Podemos chamar esta Fonte de Deus,
Alá, Brahman, Tao, Absoluto, Meta-Universo ou Princípio Criativo Cósmico, não
importa, são apenas palavras tentando nomear o Inominado. Citando o sábio
chinês Lao-tzu, que tão bem soube expressar esta idéia: "O Tao que pode
ser relatado não é o Tao eterno". É a tentativa inútil de penetrar no Uno
através do universo das polaridades.
Entretanto,
apesar da certeza do princípio evolutivo que vigora na criação e da sabedoria
do plano divino, somos afrontados, diariamente, com uma realidade que parece
ofuscar nossas crenças mais íntimas e a nossa esperança em um mundo melhor.
O caos
que testemunhamos na atualidade, brutalmente marcada pela fome, miséria,
pobreza, degradação ambiental e violência, contrasta, drasticamente, com o
consumismo desenfreado, com a cultura do desperdício, com a concentração
desigual de riquezas entre as nações e dentro das nações, com o esgotamento dos
recursos naturais e, também, positivamente, com o surgimento das ONGs, com as
campanhas de solidariedade para povos que enfrentam guerras e catástrofes
naturais, e com o exemplo vivo de iluminadas criaturas que dedicam toda uma
vida em benefício da humanidade. Ficamos abismados com os extraordinários
avanços da ciência, mas sofremos com a possibilidade de uma guerra nuclear e
com as conseqüências nefastas dos experimentos genéticos desprovidos de ética.
Nunca tivemos tanta liberdade de pensamento, como também, acesso a um tão
grande número de informações, porém, a ignorância, a intransigência e o
fanatismo religioso ainda imperam.
Como
justificar então esta inquietante presença do mal no mundo perante a suprema
sabedoria, justiça e perfeição do Criador? Onde estaria a origem de tamanha
contradição?
Para
decifrarmos este aparente paradoxo da criação, devemos compreender que o mundo
manifesto é regido pela interação dualística dos opostos, o bem e o mal, noite
e dia, frio e calor, nascimento e morte. Nós vivenciamos a nossa realidade
através desse aspecto, que é característica intrínseca do mundo fenomenal que
nos cerca. Jamais poderíamos distinguir a luz se não houvesse a escuridão, nem
apreciar a felicidade se não houvesse a tristeza. Dentro do contexto da Unidade
toda o mal é relativo e aparente, apenas um aspecto complementar de outra
possibilidade. Na dimensão subjetiva do imanifesto, todas as facetas
polarizadas coexistem de forma indiferenciada, com suas infinitas
possibilidades de manifestação. Tudo está latente em busca de expressão. Logo,
o mal não faz parte da criação e sim das construções mentais da polarizada mente
humana.
Devido
a esta característica da nossa consciência, a percepção do Absoluto, da
realidade última não-dual, exige uma experiência mística de transposição dos
opostos, de superação da cisão entre o sujeito e o objeto, uma verdadeira união
transcendente com o Divino. Nunca poderemos, com a nossa mente racional e
polarizada, penetrar nos mistérios da Mente Divina e descortinar o milagre da
criação. As motivações divinas fogem da escala humana. Podemos apenas sentir
timidamente, nas profundezas da alma, a nossa intimidade com esta ilimitada
força criadora, que exprime o seu potencial inexorável através da sua própria
criação. Então, como atingir esta experiência mística de união, este sentimento
profundo de identidade com o Criador?
O maior
obstáculo que devemos superar nesta caminhada evolutiva, em direção a Unidade,
é a nossa própria noção de separatividade, de enxergar os outros como
diferentes de nós, e quando falo outros me refiro a todos as dimensões da vida.
É uma grande ilusão, causa primordial de todos os sofrimentos humanos.
Dela
advém o desejo de posse, posse de alguma coisa exterior, aparentemente
separada, diferente de nós, seja um carro, uma relação amorosa, um novo emprego
ou uma idéia dogmática. Com a posse chegamos ao apego, apego doentio ao objeto
conquistado, com apego nos acompanha o medo, medo de perder aquilo que
consideramos exclusivamente nosso, e com a perda sofremos intensamente,
sofremos por ignorância dos princípios básicos que norteiam a existência. Tudo
no plano fenomênico é impermanente, tudo está sempre em eterna transformação,
nada possui existência própria ou isolada. São ensinamentos que fazem parte das
Quatro Nobres Verdades budistas, proferidas por Sidharta Gautama, o Buda, no
seu primeiro sermão, após ter atingido o estado de iluminação.
Para
conquistarmos definitivamente este indescritível estado de consciência
precisamos empreender uma autêntica alquimia interior, uma transformação
profunda da mente, uma verdadeira revolução silenciosa. Esta tarefa exigirá de
nossa parte um árduo e penoso trabalho de depuração e autoconhecimento, uma
viagem de investigação meticulosa as regiões mais sombrias da alma. O resultado
parcial é a aquisição das sublimes virtudes que elevam a nossa condição humana.
Depois da fase de depuração chega o momento da entrega total, do esquecimento
do eu, da sujeição da vontade pessoal à divina. E finalmente, quando
transcendemos a barreira do eu e atingimos o sentimento profunda da Unidade da
Vida, todo o egoísmo, toda a identificação, toda idéia de posse perde a sua
força e somos inundados por uma sensação de plenitude e vinculação com toda a
criação.
O
grande prêmio por tal empreendimento é a plenitude do ser. É o contato
permanente com o Absoluto. É a aquisição do Amor Universal, expressão maior do
sentimento profunda de Unidade. É a extirpação definitiva do egoísmo,
responsável pela ilusão da separatividade. A importância desse trabalho
interior já era reconhecida pelos antigos gregos, como podemos constatar pela
advertência que estava gravada na entrada do Templo de Delfos: "Homem,
conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses". Mas como levar
essa transformação consciencial a um nível planetário?
Como o
mundo exterior é um reflexo direto do estado de nossa alma, se um número
expressivo de seres humanos conquistarem este nível superior de consciência,
poderemos ingressar em uma nova era, onde os valores espirituais incorporados
sobrepujarão a materialidade alienante, e a tônica da vida será o Ser ao invés
do Ter. Quando chegarmos a este novo patamar evolutivo, a humanidade
seguramente poderá esperar por um futuro mais venturoso.
Não
podemos nos esquecer, entretanto, que todo o legítimo processo de transformação
exige perseverança, disciplina, esforço e trabalho. Nada é outorgado por
intermédio de qualquer procuração divina. Tudo é resultado do esforço próprio.
Colhemos hoje os resultados de nossas ações passadas e plantamos no presente a
nossa condição futura. O sofrimento, a dor e a dificuldade ainda são os maiores
impulsionadores da evolução humana. Por este motivo, talvez a humanidade terá
que passar por grandes sofrimentos e privações até que desperte para dimensão
espiritual da vida.
Contudo,
não devemos desanimar se esta meta pareça estar tão distante. Apesar de
estarmos peregrinando por estas paragens a bastante tempo e sermos os cúmplices
adormecidos da caótica situação que se encontra a espécie humana e o planeta, à
nossa frente nos espreita a eternidade, e com ela uma infinidade de situações e
experiências que, direcionadas pelas inexoráveis leis divinas, vão nos
propiciar, no devido tempo, o crescimento necessário para o contato extasiante
com o Absoluto.
Entretanto,
além da certeza de estarmos inseridos em uma realidade maior, indissoluvelmente
entrelaçada, que a tudo abarca, devemos reconhecer que esta mesma realidade é o
resultado de um plano superior, indescritivelmente perfeito,
incomensuravelmente belo, soberanamente justo, que insofismavelmente nos eleva
rumo à perfeição. A convicção da existência deste plano é uma benção para que
sigamos no caminho com confiança e determinação, pois quanto mais nos
aproximamos do nosso destino, mais cooperamos com a sua sublime execução.
Então,
qual o aspecto prático que inicialmente poderemos incorporar em nosso cotidiano
para colaborar eficientemente com o plano maior da evolução, partindo da
aceitação e entendimento do princípio da Unidade?
Indiscutivelmente
a busca incessante da fraternidade universal, da reverência por todas as formas
de vida. Com isso, o sentimento de compaixão inundará o nosso ser e o altruísmo
se transformará na força motriz de nossas ações. Esqueceremos de nossas
próprias necessidades e a nossa conduta será marcada por um senso de
responsabilidade sem precedentes. Perceberemos que a nossa real felicidade é
uma conseqüência direta do bem estar das demais criaturas e a nossa vida será
totalmente direcionada para este fim. O exemplo de uma vida limpa, harmoniosa e
dedicada ao nosso semelhante é o maior catalisador de transformações. Pois, em
última instância, servir é uma decorrência natural da vivência da
não-dualidade.
Para
finalizar, busquemos na nossa própria tradição cristã, nas palavras
inspiradoras do excelso mestre Jesus, uma síntese do princípio da Unidade:
"A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim, e eu em ti,
também sejam eles em nós". Pois, essencialmente, a Ele nunca vamos, Dele
nunca saímos, pois estamos sempre Nele. Que a nossa maior motivação seja o
Amor, e o nosso objetivo maior, a busca da Verdade.
Fonte:
Arquivo do Portal Arco Íris
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