CARTAS
DOS MAHATMAS
Virginia
Hanson
(Teósofa
norte-americana que se especializou no estudo das Cartas dos Mahatmas)
(Extraído
no livro Cartas dos Mahatmas para A. P. Sinnett, Vol. I, publicado em 2001 pela
Editora Teosófica)
Cartas
dos Mahatmas Para A.P. Sinnett é considerada uma das obras mais difíceis da
literatura teosófica. Ela aborda muitas situações complexas e contém muitos
conceitos profundos, que se tornam mais obscuros porque, na época em que elas
foram escritas, não havia sido desenvolvida uma nomenclatura por meio da qual
os Mahatmas pudessem comunicar a sua filosofia - profundamente oculta - a
pessoas de idiomas ocidentais. Apesar disso, a obra tem um poder e uma
percepção interna tremendos, e reflete o drama humano da aspiração, do êxito e
do fracasso. Ela conta uma história ocorrida no tempo, mas a sua mensagem é
eterna, quer a consideremos como narrativa, como filosofia oculta ou como
revelação.
O que é um Mahatma?
Em um artigo de H.P. Blavatsky intitulado Mahatmas e Chelas (The Theosophist, julho de 1884), ela nos dá o significado do termo:
“Um
Mahatma é um personagem que, por meio de educação e treinamento especiais,
desenvolveu aquelas faculdades superiores e atingiu aquele conhecimento
espiritual que a humanidade comum adquirirá depois de passar por séries
inumeráveis de encarnações durante o processo de evolução cósmica, desde que,
naturalmente, neste meio tempo, ela não vá contra os propósitos da
Natureza...”.
Ela
prossegue com uma discussão sobre o que é que encarna e de que modo este
processo é usado como um fator da evolução, resultando na conquista do
Adeptado. Em uma carta escrita para um amigo em 1º de julho de 1890, H.P.B.
disse outras coisas interessantes sobre os Mahatmas:
“Eles
são membros de uma Fraternidade oculta [mas] de nenhuma escola indiana em
particular. Esta Fraternidade”, acrescentou ela, “não se originou no Tibet, mas
a maioria dos seus membros e alguns dos mais elevados entre eles estão e vivem
constantemente no Tibet”.
Depois, falando dos Mahatmas, ela diz:
“São homens vivos, não ‘espíritos’, nem mesmo Nirmanakayas . . . (1). O seu conhecimento e erudição são imensos, e a santidade da sua vida pessoal é maior ainda - entretanto, eles são homens mortais e nenhum deles tem a idade de 1.000 anos, ao contrário do que algumas pessoas imaginam.”
Em uma conversa em 1887 com o escritor Charles Johnston (marido da sobrinha de H.P.B., Vera), quando ele perguntou a H.P.B. sobre a idade do Mestre dela (o Mahatma Morya), ela respondeu:
“Meu querido, não posso dizer exatamente, porque não sei. Mas conto-lhe o seguinte. Eu o encontrei pela primeira vez quando tinha vinte anos. Ele era um homem no auge de sua força, na época. Agora, sou uma mulher velha, mas ele não parece nem um dia mais velho. Ele ainda está no auge da sua força. Isto é tudo o que posso dizer. Tire suas próprias conclusões”.
Quando
o sr. Johnston insistiu e perguntou se os Mahatmas haviam descoberto o elixir
da vida, ela respondeu seriamente: “Isso não é um mito. É apenas o véu que
esconde um processo oculto real, o afastamento da velhice e da dissolução
durante períodos que pareceriam fabulosos, e por isso não os mencionarei. O
segredo é o seguinte: para todo ser humano há um climatério, quando ele deve se
aproximar da morte. Se ele desperdiçou as suas forças vitais, não há
escapatória, mas se ele viveu de acordo com a lei, pode atravessar esse período
e assim continuar no mesmo corpo quase indefinidamente” (2).
Como as Cartas vieram a ser escritas?
Os autores das cartas são os Mahatmas Koot Hoomi e Morya, geralmente designados simplesmente pelas suas iniciais.
O Mahatma K.H. era um brâmane de Cachemira, mas na época em que nos deparamos com ele nas cartas, ele tinha relações estreitas com a corrente Guelupa ou “gorro amarelo” do Budismo tibetano. Ele se refere a si próprio nas cartas como um “morador de cavernas de aquém e além dos Himalaias”. H.P.B. diz em Ísis Sem Véu que a doutrina de Aquém dos Himalaias é uma doutrina ariana muito antiga, às vezes chamada bramânica, mas que na verdade nada tem a ver com o bramanismo tal como nós o entendemos agora. A doutrina de Além dos Himalaias é uma doutrina esotérica tibetana, o Budismo puro ou “antigo”. Ambas doutrinas, de Aquém e Além dos Himalaias, vêm originalmente de uma só fonte - a Religião de Sabedoria universal.
O nome
“Koot Hoomi” é um nome místico que ele usou em relação à correspondência com
A.P. Sinnett. Ele falava e escrevia em francês e inglês fluentemente.
Há
afirmações na literatura teosófica no sentido de que o Mahatma K.H. estudou na
Europa. Ele estava familiarizado com os hábitos e o modo de pensar dos
europeus. Era muito erudito e, às vezes, escrevia passagens de grande beleza
literária.
O Mahatma Morya era um príncipe rajput - os rajputs formavam a casta governante do norte da Índia na época. Ele era “um gigante, de quase dois metros de altura, e de um porte magnífico; um tipo esplêndido de beleza masculina”. (3)
É bastante conhecido o episódio da fundação da Sociedade Teosófica em Nova Iorque, em 1875. Em 1879, os dois principais fundadores da Sociedade, H.P. Blavatsky e o coronel Henry Steel Olcott, transferiram a sede da Sociedade para Bombaim, na Índia e, em 1882, para Adyar, Madras (atual Chennai), no sul da Índia, onde permanece.
Morava
na Índia, na época, um inglês culto e muito refinado, chamado Alfred Percy
Sinnett. Ele era editor de The Pioneer, o principal jornal inglês, publicado em
Allahabad. Ele se interessou pela filosofia exposta pelos dois teosofistas e
estava curioso a respeito dos acontecimentos notáveis que pareciam sempre
ocorrer na presença de H. P. B.
Em 25
de fevereiro de 1879, nove dias após a chegada dos fundadores a Bombaim,
Sinnett escreveu ao coronel Olcott expressando o desejo de conhecer H.P.B. e
ele, e afirmando que estava disposto a publicar quaisquer fatos interessantes a
respeito da missão deles na Índia.
Em 27
de fevereiro de 1879, Olcott respondeu esta carta. Começou assim o que Olcott
chamaria de “um vínculo produtivo e uma amizade agradável”. Os fundadores foram
convidados a visitar os Sinnett em Allahabad, o que ocorreu em dezembro de
1879. Nessa visita os Sinnett filiaram-se à Sociedade Teosófica, e os
fundadores encontraram outros visitantes que iriam cumprir um papel na vida da
Sociedade: A.O. Hume e sua esposa Moggy, de Simla, e a sra. Alice Gordon,
esposa do tenente-coronel W. Gordon, de Calcutá.
Foi em
Simla que aconteceram os fatos que resultaram nas cartas publicadas na obra
Cartas dos Mahatmas Para A.P. Sinnett. H.P.B. realizava alguns fenômenos
surpreendentes e os atribuía aos Mahatmas, com quem ela estava em contato
psíquico mais ou menos constante. Sinnett estava convencido da veracidade
desses fenômenos, e em seu livro O Mundo Oculto fez um vasto trabalho para
comprovar a sua autenticidade.
Ele
tinha também uma mentalidade prática e científica, e desejava saber mais a
respeito das leis que governavam essas manifestações. Queria, especificamente,
saber mais sobre aqueles seres poderosos que H. P. B. chamava de “Mestres” e
que, segundo ela, eram os responsáveis pelos fenômenos. Ele lhe perguntou se
seria possível entrar em contato com eles e receber instruções.
H.P.B.
disse-lhe que não era muito provável, mas que tentaria. De início, ela
consultou o seu Mestre, o Mahatma Morya, com quem ela estava estreitamente
ligada através do treinamento oculto a que se submetera anteriormente no Tibet,
mas ele se recusou categoricamente a comprometer-se com essa tarefa. (Mais
tarde, entretanto, chegou a assumir a correspondência durante alguns meses,
devido a circunstâncias muito especiais.).
Aparentemente,
H.P.B. tentou o mesmo com vários outros, sem sucesso. Finalmente, o Mahatma
Koot Hoomi concordou em manter uma correspondência limitada com Sinnett.
O sr.
Sinnett endereçou uma carta “ao Irmão Desconhecido” e entregou-a a H.P.B. para
que a transmitisse. Na verdade, ele estava tão ansioso por defender o seu ponto
de vista de modo convincente que escreveu uma segunda carta antes de receber
uma resposta à primeira. Seguiu-se, então, uma série de cartas notáveis, e a
correspondência continuou por vários anos, tendo como um dos seus vários
resultados de longo prazo a publicação das cartas em forma de livro.
HPB
e Mahatmas
Do
Prefácio em Língua Portuguesa por Carlos Cardoso Aveline:
"Diversas
religiões da humanidade preservam uma tradição segundo a qual uma coletividade
de grandes sábios inspira e conduz, silenciosamente, a nossa humanidade no
caminho que leva à paz e à sabedoria. O taoísmo menciona estes sábios como
Imortais, e o hinduísmo usa o termo Rishis. Para o budismo, eles são Arhats.
Outros os chamam de Mahatmas, raja iogues, mestres de sabedoria, Adeptos ou,
simplesmente, Iniciados. Segundo a filosofia esotérica, estes seres atingiram o
Nirvana e libertaram-se inteiramente do estágio atual do reino humano, mas
permanecem ligados à humanidade por laços de compaixão e solidariedade.
A
coletividade destes sábios, que tem ramificações em vários continentes, aprovou
e promoveu, em 1875, a criação da Sociedade Teosófica. Assim surgiu um núcleo
da fraternidade universal sem distinção de classe, nacionalidade, raça, casta,
credo, sexo ou cor. Dois destes Mahatmas participaram de modo mais específico e
direto do esforço teosófico. A presente edição reúne a correspondência entre
estes instrutores e Alfred Sinnett, um dos principais líderes teosóficos dos
primeiros tempos."
Publicado
no Site Filosofia Esotérica
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