O Cristo Cósmico e o Cristo Telúrico
- O que é o Cristo Cósmico?
O Cristo Cósmico – o Verbo ou o Logos – é a primeira e mais
perfeita manifestação individual da Divindade Universal, o “primogênito” de
todas as creaturas.
- Quando se deu essa
individuação do Cristo Cósmico?
Deu-se no princípio dos tempos, antes da origem de qualquer
outra criatura, visível ou invisível.
- O Cristo Cósmico é
Deus?
O Cristo Cósmico é Deus em sua essência eterna, mas é
creatura em sua existência temporal: “Eu e o Pai somos um, mas o Pai é maior do
que eu”.
Porque ele é a mais alta manifestação individual do Espírito
Universal; assim como o pensamento intuitivo, ou verbo racional, é a causa
criadora de todas de todas as coisas, assim é o Pensamento Cósmico, o autor do
universo imaterial e material: “Por ele foram feitas todas as coisas”.
- Que quer dizer
Cristo Telúrico?
O Cristo Telúrico, ou terrestre, é o mesmo Cristo Cósmico
depois da sua encarnação humana, quando o “Verbo se fez carne”.
- O Cristo Telúrico é
Jesus?
Jesus é apenas o veículo visível do Cristo invisível, com o
qual está inseparavelmente unido desde a sua encarnação através da Virgem
Maria.
- Qual a diferença
entre o Cristo e nós?
O Cristo, tanto na sua forma Cósmica quanto Telúrica, é o
espírito divino plenamente atualizado pela consciência que “eu é o Pai somos
um”, ao passo que em cada um de nós existe o mesmo espírito divino em estado
apenas potencial, devido à consciência do nosso ego separatista.
- Pode o homem
tornar-se igual ao Cristo?
São Paulo diz que o Cristo é o “primogênito entre muitos
irmãos”, e nós seremos o que ele é; e Jesus afirma que nós faremos as mesmas
obras que ele fazia em virtude do seu Cristo, porque o “Pai que está em mim
também está em vós”, “vós sois Deuses”.
- Que é necessário
para essa cristificação do homem?
É necessário que o homem experimente vitalmente a sua
intrínseca unidade com o Infinito – “Eu e o Pai somos um” – e realize esta
experiência por uma permanente vivência ética.
- Por que o Cristo é
chamado o redentor da humanidade?
Porque pela sua encarnação humana introduziu ele no mundo um
elemento divino que, quando assimilado pelo homem, torna possível a vitória do
Eu (do Íntimo) sobre o ego pecador.
- Existe auto-redenção
do homem?
Existe, sim, auto-redenção, que é Cristo-redenção, porque o
verdadeiro Eu (autós) do homem é o seu Cristo interno, a “luz do mundo”, o
“espírito de Deus no homem”; mas não existe ego-redenção, porque é o autor do
seu estado de pecador.
Huberto Rohden em Cosmorama
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Há uma enorme desinteligência entre os vários grupos que se
dizem cristãos. Mesmo com Jesus ainda vivo, já grande parte dos ouvintes não
entenderam nada da sua natureza. Uns o rejeitaram, outros o aceitaram mas por
não entender geraram um mundaréu de interpretações errôneas que vão culminar no
surgimento da Igreja Católica, e é exatamente a concepção católica de Jesus que
sobrevive nos grupos ditos evangélicos atuais.
O evangelho de João, gnóstico, nos dá uma excelente
informação: Cristo é o Verbo de Deus e por ele foram feitas todas as coisas.
Mas o que isso significa? Para entender, é necessário nos recordamos do
neoplatonismo, do gnosticismo e do hinduísmo. O Pai Inefável, o Absoluto, a
Graça, Ain Soph, Brahman, Tao, Zen ou seja lá qual nome queiramos dar, é a
origem das coisas. Mas antes de ser a origem, ele já "era" de uma
forma transcendente acima de nossa compreensão. Então, ele emanou de si o
Princípio de todas as coisas, que veio a ser depois dele porém gerado dele. Não
é uma criação, como os catolicos e evangelicos inventaram, mas uma EMANAÇÃO DE
SI, como os neoplatonicos e hindus ensinam. Este Princípio de todas as coisas é
Brahma (não confundir com Brahman - BrahmaN, com N no final, é o Inefável;
Brahma, com A no final, é uma emanação de Brahman, é o princípio criador do
qual vieram todas as coisas, é uma Pessoa, diferente de Brahman que está acima
de qualquer personalidade.
Já temos aí dois Deuses: um Pai primordial e um Filho gerado
que é primogênito. Bom, cada grupo gnóstico, hindu, cristão, judeu, islamico,
budista etc vai tentar explicar esse processo emanacional de acordo com suas
possibilidades, e é por isso que as Hipóstases são tão diferentes umas das
outras. Os egípcios antigos falavam mais de uma Ogdoad, oito emanações divinas,
enquanto os cristãos falam mais de uma Trindade. Os Gnosticos valentinianos
explicaram o processo em uma Triacôntada (30 éons ou emanações). Isso não
importa muito, o que importa mesmo é que todos apresentam o mesmo processo de
emanação em hipóstases, e o que interessa nesse momento é saber a natureza de
Cristo nisso tudo.
Esse Princípio, pelo qual Deus Inefável criou (emanou) todas
as coisas é o Verbo, chamado pelos gregos de Logos. O Logos já existia antes de
todas as coisas, pois antes dele só "existia" seu Pai Inefável
Silêncio. O pai só começa a falar pelo filho, portanto, Verbo. Para entender
isso é necessário ler as Eneadas de Plotino, vou tentar explicar aqui mas acho
difícil alguém conseguir compreender, visto que é um conhecimento que vem da
contemplação mais do que do estudo racional e leitura.
Quando nós nos damos conta de que pensamos, logo chegamos a
conclusão de que existiamos antes de pensar. O pensar vem depois. Primeiro
Somos, existimos. So depois emanamos de nós mesmos a capacidade de pensar. Portanto
nós não somos uma coisa só, mas duas coisas ou pessoas no mínimo: existir e
pensar que existe. Assim "foi" com Deus, do qual fazemos parte: antes
de pensar (gerar intelecto, inteligencia, falar, verbalizar) ele já
"existia" e gerou/emanou de si um filho que é a capacidade de
pensar/dizer, o Verbo, Logos ou Intelecto.
Este Logos, Verbo divino é o Cristo Cósmico, Inteligencia
Universal, Alma do Mundo. Acontece que, como Alma de todos os mundos gerados,
ele também é a causa da criação de mundos inferiores que foram gerados
distantes do Pai (para entender isso é necessário ler as Eneadas, não tenho
condições de explicar esse Mistério). Por amor e compaixão, pois ele é a
propria Ideia Inteligivel Amor e Compaixão, ele "desce" aos mundos
inferiores a fim de salvar as almas que se desprenderam dele quando estavam nos
Mundos Superiores e foram parar em mundos cada vez mais inferiores, num
processo interminável de reencarnações em mundos os mais variados. A estas
descidas nós chamamos de Encarnação do Verbo. E o Verbo Encarnado nós chamamos
de Cristo Telúrico.
O que acontece é que o Verbo necessita de uma Alma de Ouro
que seja digna de se transmutar totalmente em Cristo, ou seja, que tenha se
desenvolvido a ponto de suportar a Divindade do Verbo. Jesus de Nazaré e
Siddharta Gautama se tornaram aptos a se transmutarem em Logos e são, portanto,
Avatares. Quando o Verbo se realizou totalmente neles, tiveram de mudar de nome
pra simbolizar essa Realização: se tornaram Cristo e Buddha.
Mesmo neste cosmo que estamos, o Buddha/Cristo, também
chamado Vishnu desceu várias vezes. O mesmo Verbo/Logos é o Pai Inefável sob
uma forma personalizada. Por isso no Hinduísmo existem tantos deuses: Brahman
criador é Brahma. Brahman Verbo Divino é Vishnu. Brahman Mãe Divina é Shakti. E
assim Brahman assume infinitas formas, quais forem as Ideias Inteligiveis de
que Platão falava tanto, ou as Sefirot da Cabala Judaica, ou os Anjos,
Arcanjos, Querubins e Serafins do Cristianismo, ou os Deuses do Hinduismo e
Budismo Tibetano, etc.
Além destes dois Cristos, o Cósmico e o Telúrico, existe o
Cristo Interior, Interno (Místico) que é o mesmo Logos ou Verbo que se encarna
em cada um de nós, ou melhor, que desperta em nós, saindo de sua forma latente,
pois todos viemos dele, somos emanações dele perdidas e quando achadas isso
significa a União Mística, Retorno, Redenção, Salvação, a volta a nossa
condição original de emanações próximas de Deus, de Cristos e não distantes de
sua luz como estamos agora.
O Princípio, como o nome diz, é primeiro e não muitos.
Portanto, todos viemos de uma coisa só e temos de voltar portanto para o Uno, o
Princípio de todas as coisas. Por isso não podem existir várias verdades, mas
Uma Unica Verdade que se apresenta sob diversas formas religiosas.
https://anaomente.blogspot.com.br/2014/06/o-cristo-cosmico-e-o-cristo-telurico.html
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